Horrores Urbanos: Os Devoradores de Almas #5 - Koh, o Ladrão de Rostos

Horrores Urbanos: os Devoradores de Almas #5 – Koh, o Ladrão de Rostos

Horrores Urbanos: os Devoradores de Almas #5 - Koh, o Ladrão de RostosMesmo personagens da ficção podem representar medos reais. Koh, o Ladrão de Rostos é um personagem da série Avatar: o último mestre do ar, que rouba rostos de qualquer um que manifesta qualquer emoção diante dele. Estamos na frente de um dilema real: se manifestarmos emoções, se nosso rosto mostrar a nossa individualidade, corremos o risco de perdê-lo para Koh, então para evitar isso, não manifestamos emoção alguma. Mais do que uma trama da série animada, esse é um conflito real vivido por milhões de pessoas em todo o mundo.

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Esta é uma obra de ficção baseada em relatos que podem ser encontrados online e não pretende ser um compendio de fatos verídicos. A fantasia realmente é aterrorizante, por mais que a realidade possa ser muito pior.

Duração: 32 minutos.

Referências:

Livros Comentados:

Marcações:

  • Apresentação: 0m00
  • O Ladrão e a Mãe dos Rostos: 2m00
  • Confortavelmente Amortecidos: 12m40
  • Apenas Mais um na Multidão: 18m30
  • Emoções e Sofrimentos: 23m00
  • Encerramento: 30m00

8 comentários em “Horrores Urbanos: os Devoradores de Almas #5 – Koh, o Ladrão de Rostos”

  1. Tiago Antunes De Souza

    pregar contra um tratamento medico é muita falta de responsabilidade, principalmente quando feito na base do preconceito e desinformação, anti-depressivos não são feitos para que vc deixe de sentir tristeza, e sim para regular a produção e/ou funcionamento normal da química cerebral,

    alguém com depressão não tem um funcionamento normal dessas químicas e por mais que ela queira essa química ainda estará desregulada, poderia fazer uma analogia com alguém criticando um anão por não produzir gh e falar que ele não deve tomar medicamento e sim se esforçar por conta própria para crescer.

    a depressão é uma grave doença que afasta milhões de pessoas de uma vida salvável e produtiva, e essa disseminação de preconceitos apenas serve para enraizar ainda mais o desconhecimento sobre esse transtorno e afastar as pessoas do tratamento

    sei que muitos gostam de teorias da conspiração de industria farmacêutica, mas também acredito vc não iria falar que o câncer é uma invenção da industria farmacêutica e falar para pararem de tomar medicamento, ou que vacinas causa autismo.

    a depressão é estudada por milhares de cientistas de inúmeros países, não seria muita estupides acreditar que a industria farmacêutica tem controle sobre todos eles?

    devemos ser mais céticos, inclusive sobre teorias conspiratórias, vamos exercitar nossa capacidade de pensar, e vamos cuidar para não colocar a vida dos outros em risco

    1. Olá, Tiago!
      Obrigado por seu comentário… Mas preciso lembrá-lo que a série “Horrores Urbanos” é uma obra de ficção e não pretende ser nenhum compêndio de dados reais. Além disso, este episódio trata do medo de perdermos as emoções diante da imposição social de sermos sempre felizes. Caso você queira ver o que eu falo sobre depressão nesta série, recomendo o episódio 03, onde falo sobre “os Dementadores e o Demônio do Meio-dia”. http://www.mitografias.com.br/2016/12/horrores-urbanos-os-devoradores-de-almas-3-dementadores-e-os-demonios-do-meio-dia/

      Também quero extender a sua recomendação para você mesmo: que tal sermos mais céticos inclusive com as pesquisas com medicamentos? A ciência também precisa ser constantemente questionada, principalmente pela filosofia, ética e sociologia. Porque da mesma forma como eu aceito um anão que não produz HGH e o respeito do jeito que ele é, tentando buscar tornar o meu mundo mais acessível inclusive para ele, por que eu não posso aceitar quem vive com depressão e não consegue produzir serotonina normalmente do jeito que ela é sem querer conformá-la quimicamente ao padrão de produção social e econômica ou uma pessoa com TDAH sem querer que ela fique sentada, prestando atenção à aula, como se essa fosse a única forma de aprender? Você já estudou a história por trás do uso dos medicamentos e como eles foram a alternativa encontrada para conformar pessoas que não se encaixavam na sociedade? E já parou pra pensar porque conseguimos aceitar um anão, uma pessoa com síndrome de down, com paralizia cerebral, amputação, cegueira, surdez, autismo, várias outras síndromes genéticas e dificuldades físicas e mentais, mas somos incapazes de aceitar alguém depressivo, ansioso ou bipolar? Neste episódio inclusive cheguei a comentar sobre isso – além de discutir como tememos perdermos as emoções e expressões pessoais diante da massificação e padronização das expressões – mas quanto dos reais problemas sociais como pobreza, sujeira, discriminação, violência, preconceito, ignorância, e vários outros problemas sociais reais estão sendo mascarados e ignorados justamente porque somos incapazes de suportar a nossa própria depressão diante desses problemas, ou de usar a nossa ansiedade para resolvê-los. Muito pelo contrário, por conta da propaganda e do discurso médico predominante – tomado como discurso de verdade perigosamente inquestionável – , temos que perceber esses sintomas e sinais como uma manifestação de algum desequilíbrio neuroquímico no cérebro – desequilibrio esse que ainda não foi encontrado, pois ainda não temos nenhum modelo aceitável de “equilíbrio químico” sob o qual nos basear – e não como reações naturais e saudáveis a todos esses problemas urbanos. Pois uma pessoa diante de toda essa tragédia e miséria que não se entristeça ou perca a vontade de viver, ou uma criança diante da falência do sistema educacional que não prefira estar em qualquer outro lugar ou fazer qualquer outra coisa, realmente tem problemas, por mais que o stablishment médico diga o oposto… Como disse o psicólogo indiano Jidu Krishnamurti “Não é sinal de saúde estar adaptado a uma sociedade incrivelmente doente”…

      E lembro sempre que eu deixo links com as fontes que usei. Recomendo que você leia e acesse o material, ok?

      Muito obrigado pelo tempo que você teve em deixar este recado aqui! 🙂

      1. Olá Mitógrafos.
        Escuto os podcasts há anos e tento acompanhar o site, inclusive nas redes sociais. Mas tem um trecho neste texto do Pablo que me incomoda: “E já parou pra pensar porque conseguimos aceitar um anão, uma pessoa com síndrome de down, com paralisia cerebral, amputação, cegueira, surdez, autismo, várias outras síndromes genéticas e dificuldades físicas e mentais, mas somos incapazes de aceitar alguém depressivo, ansioso ou bipolar?”
        Explico o incomodo. Claro que a sociedade como um todo (se é que isto existe) deveria se esforçar para tentar incluir e ajudar pessoas com dificuldades e limitações. Mas tenho certeza que qualquer um portador desses transtornos citados se tivesse a possibilidade de resolver seu problema (como um cego voltar a enxergar, ou um paraplégico voltar a andar) iria optar pela resolução. Então se uma pessoa com depressão puder ter um tratamento, que envolva acompanhamento médico especializado, suporte farmacológico, suporte psicoterápico, suporte familiar e social, aumentaria as possibilidades de melhora da qualidade de vida e do seu funcionamento nessas esferas.
        Não existe uma verdade médica inquestionável. O medicamento indicado hoje é substituído por outro mais moderno, com menos efeitos colaterais e que acha mais especificamente no cerne do problema, ao menos na alteração bioquímica que se entende ocorrer. Isto vale para todas as áreas da medicina. Os próprios métodos e critérios diagnósticos mudam com o tempo, com a cultura, enfim com a sociedade. Não a toa o DSM já está na quinta atualização. E ainda recebe críticas (e tem que receber mesmo). Mas os avanços científicos das neurociências (inclusive na psicologia comportamental e experimental) são enormes nas últimas décadas.
        Outro trecho: “problemas sociais como pobreza, sujeira, discriminação, violência, preconceito, ignorância, e vários outros problemas sociais reais estão sendo mascarados e ignorados justamente porque somos incapazes de suportar a nossa própria depressão diante desses problemas, ou de usar a nossa ansiedade para resolvê-los.”
        Não acredito que estes problemas são esquecidos. Mas é claro que o SUS como é (com atendimentos curtos e em excesso, pessoal pouco estimulado, ambientes insalubres de trabalho, desvios de verbas públicas a olhos vistos) não creio que esta atenção social possa ocorrer da melhor maneira.
        Esta perda de emoções é a raridade quando o tratamento é bem feito (inclusive com suporte psicoterápico), ou é momentânea. A maior parte dos pacientes relatam a recuperação das emoções. Até porque Depressão (transtorno unipolar do humor, depressão maior, distimia e afins) são mais anedonia, anergia, apatia, abulia, do que melancolia. Esta última até pode ser realmente importante, especialmente frente a perdas e se modo temporário, a um melhor funcionamento neurocognitivo.
        Por fim, concordo com o colega indiano. Porém temos que ter cuidado com as generalizações. Até porque sabemos que conceitos filosóficos como doença e normalidade têm várias interpretações.
        Parabéns pelo trabalho.
        Um abraço fraterno.

        1. Olá, Thiago!

          Obrigado pelas observações, mas eu gostaria de fornecer novas observações. Primeiro, vejo que boa parte do seu argumento – por mais sólido que se apresente – se baseia inicialmente em uma falácia, o do apelo à emoção, ao dizer que “Mas tenho certeza que qualquer um portador desses transtornos citados se tivesse a possibilidade de resolver seu problema (como um cego voltar a enxergar, ou um paraplégico voltar a andar) iria optar pela resolução”. Você coloca uma certeza que uma pessoa que passa por uma dificuldade, tendo a opção de corrigi-la, ele aceitaria isso, mas ignora a vivência dessas pessoas. Da mesma forma como existem cegos que querem enxergar, existem outros que estão conscientes de suas limitações e não buscam essa “cura” – até mesmo porque não compreendem a cegueira como doença, mas sim a incapacidade de acessibilidade social como a verdadeira doença. Não sei se você sabe, mas a comunidade dos surdos do mundo todo luta bravamente – e com razão – para que a linguagem de sinais seja aceita como válida – e no Brasil, a Libras é um idioma oficial (sim, oficialmente somos um país bilíngue), por mais que não seja ensinado nas escolas – e não só o idioma como também a cultura surda. Existe até um movimento entre surdos que evita ensinar a oralização a eles (surdos aprenderem a falar), enquanto os ouvintes não aprenderem Libras – ou seja, porque eles precisam se adaptar à nossa linguagem e cultura e nós não nos esforçamos para aprender a linguagem e cultura deles?

          Quero ainda complementar essa questão com algo que era muito debatido há uns 50 anos – que coloca muito do que discutimos aqui em perspectiva: a Homossexualidade já foi considerada um transtorno e ainda o é para vários profissionais mais rígidos que aceitam apenas o que diz os manuais médicos (um desses foi um professor meu, doutor com pós-doutorado, que ensinava usando o DSM-III). A grande discussão – e o grande argumento apresentado por vários que defendem a “Cura Gay” – é IDÊNTICO ao seu: “qualquer homossexual se tivesse a possibilidade de resolver seu problema iria optar pela resolução”. Mas hoje em dia não tratamos mais a homossexualidade como doença e não compreendemos isso como sendo um problema tratável. Muito pelo contrário, reconhecemos que o preconceito contra o homossexual (que recebe o nome de homofobia) como sendo o verdadeiro problema.

          O preconceito contra deficientes também recebe um nome: CAPACITISMO. Acha que o deficiente precisa ser capaz de fazer as mesmas coisas que pessoas hábeis são capazes, como um cego ler um letreiro ou um surdo ouvir uma campainha ou um cadeirante subir escadas, representa o capacitismo. Mas o capacitismo se apresenta de formas muito mais sutis, até mesmo porque a deficiência se apresenta de formas sutis. Uma pessoa não precisa ser cadeirante pra ter dificuldades de subir escadas, ou ser cega pra não conseguir ler um letreiro – mas a sociedade capacitista não oferece meios de acessibilidade para essas pessoas e as força a se adaptarem e buscarem meios de se inserirem com os demais, caso contrário são simbolicamente ostracisados e expulsos da sociedade.

          Há um dado social que mostra que praticamente um quarto da população apresenta algum tipo de deficiência, seja física ou mental (http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2012-04-27/ibge-24-da-populacao-tem-algum-tipo-de-deficiencia) mas ao mesmo tempo, não vemos ou temos acesso a tantas pessoas deficientes assim na nossa sociedade, certo? A lógica de oferta e demanda diz que se eles existissem, estariam apresentando uma demanda maior por acessibilidade e um ambiente acessível seria então ofertado. Mas, essa mesma sociedade que diz isso ignora que sem acessibilidade, os deficientes não conseguem mostrar demanda. A acessibilidade precisa ser apresentada primeiro para que os deficientes possam aparecer depois.

          E isso acontece nas coisas mais banais, como por exemplo, filmes legendados. Por uma questão de mercado, vários filmes no cinema apresentam apenas cópias dubladas – principalmente as animações infantis – até mesmo porque o seu público principal, as crianças, não acompanham tão bem os filmes legendados. Só que não oferecer cópias legendadas acaba eliminando a participação no cinema de pessoas surdas que dependem das legendas para compreender o filme! A legenda é uma forma de inclusão dos surdos nos cinemas que, por uma demanda de mercado não oferecem mais filmes legendados e, consequentemente os excluem desse meio social. Algo análogo pode ser dito de filmes 3D e pessoas com deficiência visual, onde o efeito 3D é irrelevante para elas, mas o preço mais caro não compensa a experiência e eles também são excluídos.

          Posso aqui listar vários outros exemplos de como a nossa sociedade é sim preconceituosa e capacitista e não só espera como também exige que quem apresenta alguma limitação busque uma solução para isso. Mas a mesma sociedade ignora que boa parte dessas pessoas deficientes são pobres e não terão acesso a soluções individuais de adaptação social, como cirurgias ou próteses e viverão por toda a vida marginalizados e invisíveis. O pior é que construir uma sociedade mais acessível ajudaria a solucionar boa parte desses problemas para TODAS as pessoas, mas ainda preferimos pensar em soluções individuais, para que a pessoa se modifique para se adaptar ao estilo de vida da maioria, não que a maioria se modifique para que seja mais inclusiva à minoria.

          E isso que estamos falando de deficiências físicas! Até pouquíssimo tempo atrás, as deficiências mentais também entravam no campo da ignorância social. Eu tinha uma tia que sofria de epilepsia e na época isso era considerado uma doença mental. Por conta disso, ela nunca foi à escola porque acreditavam que ela nunca iria aprender e sempre foi tratada de forma excludente, como uma inválida. Pelo menos ela não nasceu na época que epilepsia era tratado como caso de possessão demoníaca… Mas síndrome de Down era considerado até pouco tempo atrás como casos de invalidez, de pessoas que seriam retardadas e nunca poderiam se ajustar socialmente. Ainda bem, eles conseguiram provar o contrário e hoje em dia pessoas com Down vivem normalmente, com trabalhos, empregos e estudo como qualquer outro cidadão.

          Algo semelhante acontece com pessoas com Autismo. Considerado por muito tempo uma doença mental severa, autistas passavam na maioria das vezes – e ainda passam (tive um professor que inclusive ensinava isso) – por processos de adestramento com punições e recompensas para aprenderem processos básicos como escovar os dentes, pedir comida ou usar o banheiro. Hoje em dia, graças a muitas pessoas autistas e um enorme e lindo movimento por parte delas, percebemos que não existe nada de errado com elas, apenas com a gente que não consegue pensar como eles. Nós temos a deficiência, não eles. E eles acabam advogando e protagonizando um movimento que eu acredito que precisa ter maior visibilidade: a Neurodiversidade, o pressuposto que, da mesma forma como cada um tem corpos diferentes, nós também temos cérebros diferentes e únicos e isso não quer dizer que essas diferenças precisem ser encaradas como doenças, mas apenas como diferenças!

          https://www.youtube.com/watch?v=KmDGvquzn2k

          Se eu tenho uma cidade construída para uma população com média de altura de 1m70, tanto pessoas mais altas como mais baixas irão ter dificuldades em se adaptar. O mesmo acontece com as pessoas neurodivergentes, que possuem dificuldades em se adaptar a um mundo neurotípico. Mas, da mesma forma como não exigimos que os mais baixos crescam e os mais altos se encolham, não podemos exigir que os neurodivergentes pensem, percebam e sintam como os neurotípicos: todos temos o direito de sermos da forma como somos, sem necessidade de adaptação ao outro.

          E se consideramos isso dos deficientes físicos e mentais – e compreendemos que a deficiência está na nossa sociedade que não é inclusiva e nem um pouco acessível a essas pessoas – por que não podemos pensar a mesma coisa de pessoas diagnosticadas com algum transtorno mental? A final, a depressão não é uma deficiência de neurotansmissor? O mesmo do TDAH? Por que a deficiência física e mental pode ser aceita, mas a neuroquímica não? Seria, novamente, por um problema econômico, porque temos como vender soluções neuroquímicas para que elas se adaptem à realidade dos neurotípicos? Será que se encontrássemos uma terapia genética para o Down, estaríamos tão ansiosos para vender a essas pessoas essa terapia ao invés de aceitar e aprender com sua diversidade?

          O problema acaba sendo muito mais ético do que científico. Até mesmo porque a proposta falaciosa de que se a solução para o problema existe, ela deve ser aplicada, isso só pode ser levado à sério se desconsiderarmos as implicações éticas e o direito de cada um de ser como ela é. O que para um é um problema, para outro pode não ser. Cinema vai ser um problema para o surdo se não existir legenda, pois se existir, não é problema. Uma pessoa cega vive muito bem em sua casa com as luzes apagadas – algo que seria um problema para alguém que depende da visão para se locomover. Uma pessoa com TDAH, por exemplo, se tiver um ambiente inclusivo e estimulante, poderá ser tão – ou mais – produtivo quanto qualquer outra pessoa. Inclusive, se estamos abertos a essa realidade, podemos entender o TDAH não como um transtorno, mas apenas como uma forma diferente de cognição, como nos conta Steven Tonti: https://www.youtube.com/watch?v=uU6o2_UFSEY

          Enfim… É importante termos uma visão mais ampla dos nossos argumentos, principalmente quando não temos todos os dados. Passei muito tempo da minha vida pesquisando tudo isso e sei que, como disse o velho bardo, “há muito mais entre o céu e a terra do que sonha nossa filosofia”, ou nossa ciência. Mas com isso não quero afirmar coisas que estão além do céu e da terra, mas sim reconhecer que qualquer perspectiva será, em si mesma, limitada. E a perspetiva médica é uma delas, sem a consideração dos aspectos sociológicos, antropológicos, históricos, psicológicos, geográficos, políticos, epistemológicos e éticos, vai ser apenas a aplicação de técnicas para satisfazer um determinado fim, uma determinada ideologia de um grupo dominante que não se preocupa com quem não tem acesso, mas apenas em não mudar a sua forma de ser. Esse mesmo grupo percebe como ameaça quem é diferente – ou neurodivergente – justamente porque eles mostram que é possível ser diferente e não precisamos gastar nosso tempo e nossas vidas apenas trabalhando, produzindo e sendo feliz e que é possível sim vivermos de outras formas até mesmo mais lentas, mas nem por isso menos satisfatórias e com menos sentido…

          Novamente, obrigado pelos comentários e pela oportunidade de novas reflexões!

          Abraço!

          1. Antes de tudo, obrigado pela resposta educada e interessada. Não esperaria nada aquém de uma pessoa que admiro (pelo menos o Podcaster e Blogueiro que acompanho). Obrigado também pelos vídeos. Verei com calma. Mas completaria com algumas ideias. Sem desmerecer suas observações. Mais pela beleza do debate e troca de opiniões. Não tenho como falar pelos surdos (p.ex), pois não sou. E se fosse, seria apenas um. Mas dos pacientes que atendo, que se tornaram surdos, todos referem que sofrem por isso, e que se pudessem, gostaria de se recuperar de seus danos. Quando se nasce com uma limitação, não a percebemos. Somos todos limitados de asas ou guelras. Mas a tecnologia nos ajuda que que nossos sonhos se tornem reais. Com aviões e submarinos.
            Concordo que nem todos queiram ou precisem de tratamento, especialmente medicamentoso. Ter conhecimento novo sempre me pareceu legal. Aprender novas línguas, assim como a linguagem brasileira de sinais, me parece bem interessante. E sou sim a favor de meios inclusivos. Novamente a tecnologia nos ajuda nisto. (Salve o Google Translator, rs).
            Não sei se concordo que a sociedade exija que todos busquem soluções para resolverem as incapacidades individuais. Nem gosto da utopia de todos igualmente plenos de capacidades. Penso que as pessoas devem, individualmente, escolherem o que mais lhe parece agradável, sob menor influência dos outros, especialmente dos poderes, como o Estado e a Religião.
            Os problemas sócio-econômicos e a pobreza, em geral, são assuntos complexos. E não vou me ater aqui. Mas novamente, a tecnologia ajuda a diminuir também certas distâncias. Haja visto os smartphones nas mãos de pessoas das mais diversas classes sociais.
            Já o autismo, como o Down, tem “várias caras”. Se generalizar, errarei sempre. Pessoalmente gosto desse conceito de deficiência que você trouxe, ou ao menos exemplificou. Acho interessante, filosoficamente falando.
            Nem todo sofrimento deve ser medicalizado, repito. Mas sempre tratado, cuidado, consolado. Não causando mal a ninguém, devemos mesmo ter o direito e a liberdade de sermos como somos, ou estamos. Diferentes, diversos e únicos. A discussão ética sobre os temas trazidos são bem bacanas.
            E achei muito boa sua conclusão. Sem querer dar uma de orientador de tese. Rs
            Se existe um grupo organizado que não se preocupa com quem não tem acessos, esse grupo se chama Estado. Como diz Garschagen.
            Um abraço, do ouvinte e admirador.
            Thiago Dutra.

          2. Aí só temos que perceber uma coisa: casos individuais não podem servir de critério para regras gerais. Mesmo que TODOS os seus pacientes queiram tratamento e mudança, não quer dizer que esse seva ser o caminho… basta ver quantos negros escolhem passar por um processo de embranquecimento para ser melhor adaptado e nem por isso esse é o melhor caminho.

            Lamentavelmente, ainda sentimos uma pressão individual para sermos socialmente adequados – e é esse medo que retrado quando falo sobre Koh…

            Novamente, obrigado pelos elogios! Adoro debates assim… =)

  2. Olha que eu não sou fã de horror, mas caramba… Vocês falando de Avatar logo de início me prendeu até o final do episódio (claro, como bitch de animes que sou). As histórias, mesclando o fantástico com as coisas que acontecem na vida real… Ficou massa demais. Parabéns.

    Abraço e até o próximo comentário.

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