Papo Lendário #196 – Violência na Mitologia Grega

Nesse episódio do Papo Lendário, Leonardo, Nilda e Pablo de Assis conversam sobre a violência na mitologia grega.

Conheça mais sobre o violento deus Ares e sua turma.

Veja quais foram os heróis gregos violentos.

E entenda se podemos, ou não, considerar alguns mitos gregos como sendo violentos.

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Padrim do Mitografias

2 comentários em “Papo Lendário #196 – Violência na Mitologia Grega”

  1. No meio do papo me lembrei dum trecho de Antígona (spoiler!), que fala sobre a punição da personagem – “Creonte: Será levada a um lugar ermo; e ali será encerrada, viva, em um túmulo subterrâneo, revestido de pedra, com alimento o bastante para que a cidade não seja maculada pelo sacrilégio”, na edição que tenho aqui (Martin Claret), há uma nota, só não encontrei o nome de quem fez essas notas, mas enfim: “Quando um criminoso era condenado a morrer enterrado vivo, mandava a tradição que lhe pusessem alimento bastante para um dia, com o que se evitava um sacrilégio”, mais pra frente o Creonte comenta: “Nenhuma culpa recairá sobre nós pela morte dessa jovem”, é como se eles não fossem os responsáveis desta morte porque deixaram comida para a pessoa sobreviver, aí se os deuses não ajudaram ou ela não escapou e acabou morrendo não é culpa deles. O que me leva a crer que o ato de matar alguém na Grécia Antiga, mesmo por meio de uma pena de morte, não seria algo bem visto porque haveria uma espécie de “retorno” ou algo a ser expiado, ou estou só generalizando e isso era só uma tradição exclusiva do “morrer enterrado vivo”.

    Pra acrescentar na discussão: a prisão na Grécia antiga era usada mais para custódia do que como punição em si, ou seja, serviria mais para manter a pessoa esperando pela hora da pena de morte/banimento etc. do que como punição final.
    Ah! elas eram usadas também nos casos de dívidas, o que leva também ao que a Nilda falou sobre prisão e escravos.

  2. Salve amigos, ótimo episódio, só tenho a comentar algo sobre a situação dos raptos. Geralmente consideramos que esses raptos, mesmo que feitos sobre o escopo da tradição em casamentos, como um ato de violência simbólica dirigida às mulheres e que reafirmava a dominação masculina nesta sociedade. Porém está sendo debatido atualmente que, na representação de diversos vasos gregos, podemos considerar uma espécie de raptos combinados, ou seja, onde a mulher deixaria de ser passiva na situação para se tornar cúmplice, uma espécie de resistência. A análise iconográfica de vasos gregos, principalmente aqueles que trazem imagens do rapto de Helena, trazem indícios de que existia a possibilidade de que alguns raptos fossem combinados entre os jovens e que esta estratégia pode ter sido, de fato, utilizada pelas mulheres gregas como forma de resistir à imposição de um casamento arranjado.

    Portanto ficamos na dúvida de se estariam estas cenas se referindo somente a raptos simbólicos ou também a raptos reais? Ou ainda, se este rapto era somente uma demonstração de força e de violência ou se estava encenando o casamento primordial de Hades e Perséfone – que se tornou o paradigma para os casamentos na Grécia Antiga? No geral, o fato de existirem diversos tipos de cenas de rapto nos leva a pensar sobre os motivos desta diversidade. Além disso, se, de fato, os gregos
    condenavam atitudes como a violência física e sexual contra as mulheres e as consideravam como próprias de bárbaros e tiranos (como nos informa
    Heródoto 3.804) fica aqui o pensamento dúbio se poderia ser de fato um rapto como demonstração de força, um rapto combinado com a mulher como participante ou uma tradição dentro do casamento (e que inclusive há registros que de alguns amigos do noivo deveriam ficar de guarda na porta até que o ato fosse consumado). Resta lembrar que a violência sexual, numa sequência de rapto e estupro, era condenada entre os atenienses e outras cidades estado, onde o “criminoso” uma vez pego ficava a mercê da escolha da punição que seu acusador apontar. Um rapto era uma ação que não ficava impune na sociedade grega e arriscar-se em uma ação deste tipo poderia se mostrar perigoso caso o pai da moça envolvida exigisse uma pena rigorosa. No entanto, dois autores referem-se às diferenças entre as diversas cenas de
    rapto como algo desconcertante se considerarmos somente o rapto stricto sensu – Cohen, que afirmou que algumas das imagens podem significar a anuência da noiva em seu próprio rapto; e Sourvinou-Inwood, que sugeriu que é possível identificar nos vasos imagens que sugerem reciprocidade no desejo, como olhares e toques.

    Fica aí a contribuição, e sobre a questão das mortes, como vocês mesmos destacaram em um podcast passado e acho que eu comentei, morrer para os gregos era um processo importante e cheio de burocracias.

    Enfim, é isso. Abraços!

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