Top 5 Mitos de Origem para Ajudá-lo na Antologia Mitografias Volume 2

Em janeiro abrimos as inscrições para a Antologia Mitografias Volume 2 – Mitos de Origem, (veja aqui como participar). E assim criei esse post sobre 5 mitos de origem, o critério que utilizei foi apresentar mitos mais desconhecidos e variados possíveis. O propósito é mostrar para o autor da futura antologia como tais mitos podem ser diversos, seja na sua narrativa e/ou na cultura que faz parte.

Woyengi

Cultura: Ijo da Nigéria
Origem da humanidade

Na vasta eternidade do nada, algo despertou e o tempo foi criado. Numa fração de segundo, o Céu e a Terra foram formados, e uma tempestade de raios enviou à Terra a mulher criadora Woyengi. Não havia coisa alguma na Terra – nem vida, nem vento, nem movimento, nada. Mas havia uma cadeira, uma mesa enorme e uma pedra plana chamada de Pedra da Criação. Woyengi juntou um punhado de lama e sentou-se na cadeira, porque ela não sabia o que mais podia fazer e, em seguida, colocou o barro sobre a mesa e os pés em cima da pedra. Com a lama ela moldou e formou muitos bonecos. Depois que terminou de fazê-los, colocou-os sobre a Pedra da Criação entre seus pés e soprou no rosto dos bonecos. Ela perguntava: “Você gostaria de ser homem ou mulher?” Conforme as respostas, ela lhes dava os órgãos reprodutores adequados.

Os vários bonecos foram colocados em fileiras sobre a mesa e, então, ela perguntou o que cada um deles gostaria de fazer no mundo. Um por um, os bonecos escolheram a sua tarefa. Woyengi baixou-os e apontou para dois cursos d’água que se afastaram da pedra e disse: “Agora vocês devem seguir o curso certo, que vai levá-los para onde devem estar no mundo”. Aqueles que haviam escolhido uma vida de importância ou poder tinham de descer o rio cheio de corredeiras, pedras e correntes perigosas. Os que haviam escolhido uma vida fácil tinham de seguir o segundo fluxo: límpido e calmo, mas com areia movediça traiçoeira nas partes rasas. Muitos e muitos bonecos entraram nos cursos escolhidos e as águas levaram-nos para onde eles iriam encher o mundo com os primeiros povos e viver as vidas que haviam escolhidos para si próprios.

Nantu e Etsa

Cultura: Shuar do Equador
Origem dos eclipses

Etsa era o Sol, Nantu a Lua. Ambos foram gerados pelo deus criador, Kumpara. Etsa se apaixonou por Nantu e a seguia pelo céu, mostrando seu amor e desejo por ela. Etsa pintou o rosto para tornar-se ainda mais atraente do que o habitual, mas Nantu subiu mais alto em seus aposentos e pintou seu corpo para que ficasse negro como a noite. Ela pintou linhas em seu rosto e até hoje podemos ver as marcas tênues na superfície da Lua.

Etsa pegou dois papagaios e dois periquitos e os amarrou as mãos e aos joelhos. Os pássaros voaram até a Lua e, lá chegando, Esta exigiu que Nantu o amasse. Uma terrível briga teve início e, cheio de raiva, Etsa atingiu Nantu. Foi o primeiro eclipse da Lua. Nantu entretanto revidou, e conseguiu socar o ventre de Etsa. Este foi o primeiro eclipse do Sol. Nantu estava exausta com o comportamento bizarro do apaixonado Sol e começou a chorar. Etsa gritou: “Veja como sou muito mais forte do que você, que só consegue derramar lágrimas!” Agora, sempre que a face da Lua está avermelhada, é considerado um sinal de que ela está prestes a derramar chuva em toda a terra.

Glooskap

Cultura: Wabanaki
Origem do verão no norte

Por muitos dias e noites Glooskap vagou em direção ao norte, atravessando tempestades de neve, passando por montanhas cobertas de gelo, rios e planícies congelados. Através da tempestade, avistou uma luzinha e, temendo não conseguir sobreviver à noite gélida, lutou para alcançar o abrigo quente. Ele viu uma tenda de índio enorme, tão grande que ocupava toda a encosta de uma montanha. Batendo os dentes, lançou-se através da abertura, não se importando se seria comido vivo ou jogado de volta para o frio. Lá dentro se encontrava o Gigante do Inverno, que o convidou para se sentar ao lado de sua cadeira de gelo. Não havia fogo, nem calor, nem luz, a não ser um pingente de gelo brilhante pendurado acima da cabeça do gigante. O Inverno lhe ofereceu seu cachimbo e, à medida que Glooskap pitava, começou a se sentir mais aquecido e mais calmo.

O gigante tinha muitas histórias para contar e, enquanto fumavam e conversavam, Glooskap não percebeu que o Inverno estava congelando tudo em torno dele. Glooskap começou a se sentir sonolento e caiu em um sono profundo que durou quase seis meses. Mas, como os dias começaram a durar mais, Glooskap acordou e descobriu que o Inverno havia ido embora. Partindo em direção ao sul, sentiu o Sol nas costas e procurou Verão. Em uma clareira da montanha, as menores pessoas que já vira dançavam sob os raios de sol que atravessavam a copa das árvores. No centro estava Verão, meno que todos. Glooskap arrebatou Verão e amarrou um laço em torno de seu corpo diminuto. Com Verão apertada contra seu peito, saiu da floresta e rumou para o norte, com parte da corda do laço arrastando atrás de si. O povo da luz de Verão perseguiu Glooskap, para encontrar sua rainha.

Ele voltou à casa de gelo do Inverno. Mas, desta vez, enquanto o Inverno contava histórias, Glooskap começou a contar as suas próprias. Isso aqueceu a tenda indígena e o calor produzido por Verão produziu enormes torrentes de águas. A tenda derreteu e as plantas começaram a nascer da terra úmida. A natureza tornou-se viva e os pássaros cantaram. Então Glooskap deixou Verão para trás e o povo da luz de Verão encontrou sua rainha e ficou por lá um tempo, para manter a terra fértil e acolhedora. Agora, Verão vai sempre visitar o norte, uma vez por ano.

Eco

Cultura: Grega
Origem do eco

Eco era uma das Oréades, as ninfas das montanhas, e adorava sua própria voz. Como Zeus adorava estar entre as belas ninfas, visitava-as com grande frequência. Suspeitando dessas ausências do esposo, Hera veio à terra a fim de flagrá-lo com suas amantes.

Sendo a prolixa Eco a única do grupo que não divertia-se com Zeus,intentou salvar suas amigas, falando com Hera ininterruptamente, de forma a possibilitar que o deus e as outras ninfas escapassem. Finalmente a deusa conseguiu livrar-se dela e, chegando ao campo onde os amantes estavam, encontrou-o deserto. Percebendo que tinha sido lograda, resolveu castigá-la.Ela não teria mais o poder de iniciar uma conversa,apenas de ter a última palavra.

Tane

Cultura: Maori
Origem da morte

Tane, deus da floresta , era solitário e queria uma parceira sexual. Ele foi à praia em Hawaiki, misturou um pouco de lama e areia e moldou uma mulher. Insuflou-lhe a vida e a chamou de Hine-hau-one, “a donzela feita de terra”.

Hine-hau-one deu à luz uma filha, Hine-titama, “a donzela da aurora”. Não sabendo que Tane era seu pai, Hine-titama também se tornou sua esposa. Um dia, ela foi até o vilarejo e perguntou inocentemente quem era o seu pai. Quando ouviu a resposta, fugiu para a escuridão do Mundo Subterrâneo.

Quando Tane percebeu que Hime-titama desaparecera, foi procurá-la. Ao ouvir a canção triste que ela entoava, “És Tane, meu pai?”, ele a chamou, mas não podia entrar em Po, o Mundo Subterrâneo. Ela lhe disse: “Fique no mundo da luz e crie nossos filhos. Deixe-me ficar no mundo das trevas a lamentá-los.”

Seu nome foi mudado para Hine-nui-te-po, “ a grande deusa da escuridão”. Antes disso a morte não existia, mas agora todos os seres vivos devem morrer, sendo sugado ao Mundo Subterrâneo por Hine-nui-te-po.

A variedade de mitos que contam uma origem é infinita. Desde elementos simples como o eco gerado com sons em cavernas, como conceitos fundamentais como a morte ou mesmo a própria humanidade. Alguns são bem famosos, como a origem do mundo na mitologia nórdica, a fundação de Roma, etc.

A Antologia Mitografias não será composta dos mitos de origem em si, e sim narrativas originais dos autores que tenham por base tais mitos.

Fontes Bibliográficas: Guia Ilustrado Zahar; A Bíblia da Mitologia